Wet Point - Novel - Capítulo 03
— Ah, hum… … .
Ian ergueu lentamente as pálpebras e olhou fixamente para o teto. Branco, não há nada. Assim como na sua cabeça… … .
Ele olhou para o teto com os olhos turvos por um momento e depois se levantou, assustado. Isso porque percebeu tarde demais que o teto da sua casa não era novo e não tinham manchas sempre que chovia.
‘Onde estou?’
Originalmente não havia cama no cômodo, então não se sentia desconfortável ao acordar, mas o chão era muito duro, mesmo comparado ao seu quarto. Era um espaço onde o chão de cimento estava claramente exposto e não podia ser considerado uma casa típica. E as roupas… … Deve ter sido ontem, mas ele ainda estava vestindo a camiseta esticada e a calça larga que usava para fazer tarefas, e os sapatos com salto gasto ainda estavam calçados, sem tirá-los.
— Você está acordado?
Alguém se aproximou de Ian, que não conseguia entender a situação, observando-o se contorcer. O homem, que riu baixinho e acendeu um cigarro na boca novamente, agachou-se e fez contato visual com Ian. Só então o reconheceu. Era o homem que ele conheceu na madrugada.
A luz do sol brilhando intensamente pela janela criava uma luz de fundo ao longo das linhas do belo rosto do homem. As chamas vermelhas se espalhando pelo queixo pontiagudo como se estivessem afiando uma faca, a luz do sol como um halo colorindo a testa exposta, a profundidade dos olhos levemente curvados… Mesmo numa situação urgente, isso permaneceu claramente na sua mente. A única coisa diferente da noite passada foi a cor da luz que caiu sobre ele.
— Por que estou aqui… …
— Por que está aqui?
— Sim… … .
O homem pareceu se divertir e voltou a fazer barulho de vento. Com um sorriso travesso no rosto, ele deixou cair o bastão que estava entre os dedos indicador e médio e esmagou-o no chão, depois sussurrou baixinho.
— Você pediu ajuda.
— Ah… … .
Como ele chegou aqui ontem? Não conseguia lembrar que a última coisa que viu foi o rosto do homem que disse que o ajudaria. Como se alguém tivesse apagado artificialmente a memória, apenas uma imagem borrada permaneceu.
— Você trabalha com frequência?
— Sim?
Ele não conseguia pensar profundamente. Ian deu um pulo de surpresa com a sucessão de perguntas que lhe foram feitas.
— Quero dizer, trabalha. Não é como se você tivesse tomado o caminho errado enquanto ia fazer um piquenique… … . Você foi trabalhar e me conheceu. Huh?
— … … .
Bem, como o homem disse, era estranho que ele não estivesse pensando nisso enquanto estava agarrado às pernas suadas da calça naquele momento. Ele não parecia uma pessoa má. Caso contrário, não há como ele estar tão bem. Ian, que havia adivinhado até agora, assentiu obedientemente.
— É que… … śs vezes. Não frequente… … .
É verdade que muitas vezes ele fazia tarefas como trabalho de meio período. Não sabia qual era a situação, mas conseguia responder isso porque se estava lá, parecia estar com muita pressa.
— É?
— … … sim.
— Eu vejo. Não é a primeira vez, não admiro.
Ele abriu a porta lateral e desceu. O homem que estava olhando para Ian curvou suavemente os lábios. Foi um sorriso que fez ele rir junto. Ian o seguiu e empurrou a boca desajeitadamente. Então agradeceu e estava quase pronto para ir para casa.
— … … ouvi que não é a primeira vez, isso é verdade?
Os olhos de Ian se arregalaram com a frase que não deixou claro com quem ele havia falado. A quem… … . Foi um momento em que ele estava pensando e lambendo os lábios. Começando com um gesto que o homem lançou para o alto, um grito agudo que parecia rasgar os tímpanos começou a ecoar por todo o espaço.
— Aaaah! Argh! Ugh!
Ian instintivamente se encolheu. Balançando os ombros e olhou para o rosto do homem agachado na sua frente. Mesmo depois de ouvir o gemido doloroso, ele nem piscou e apagou habilmente o cigarro que mal tocava o chão. Era como se a mão estivesse sincronizada com o grito.
— Uh, ah! Chefe, ugh… …!
Além de outro grito vertiginoso, Puck! Seguiu-se um barulho surdo, como se algo estivesse explodindo. Ian, que havia adormecido, apenas revirou os olhos e olhou na direção do som. Mas enquanto ele não movesse o corpo, tudo o que conseguia ver era o corpo do homem grande.
— Sim, chefe… … eu acho que aconteceu algumas… … .
Assentindo, o homem balançou levemente o queixo e os gritos de gelar o sangue pararam em um instante.
— Que? Não é grande coisa. Não tenha medo porque estamos lidando com o rato.
Ao mesmo tempo, arrepios subiram pela nuca de Ian. Em uma parede, onde o corpo do homem grande estava coberto, um líquido vermelho escuro espirrou. Talvez porque seus ombros estivessem rígidos, o homem inclinou uma vez o pescoço grosso e as coisas foram vislumbradas através da lacuna criada por aquele movimento.
Talvez o grito entrecortado tenha vindo de além da parede temporária que cobria metade do espaço. Parecia que o som que havia sido interrompido pelo gesto indiferente do homem ainda soava claramente em seus ouvidos, então Ian não pôde deixar de tremer a ponto de seus dentes baterem.
— Primeiro… … só porque o bebê disse isso tantas vezes não significa que não concorda com aquele desgraçado?
— Ahhh! Ah! Meu…! Por favor! Eu errei… … ! Ahh!
O grito vindo do outro lado ficou ainda mais desesperado quando a voz baixa falou como se estivesse falando sozinha. Um após o outro, banque, banque. Seguiu-se um barulho alto, como se algo pesado estivesse sendo artificialmente quebrado e desgastado.
— Hum… … .
O homem olhou com curiosidade para Ian, que ficava horrorizado toda vez que um barulho alto se misturava a um grito. O cigarro que ocasionalmente era esmagado no chão estava tão achatado que seu formato ficava irreconhecível. Ian sentiu que esse era o seu futuro.
— Ah, ah… … .
Chegou a hora do homem, que já olhava para Ian há muito tempo, endireitar as pernas agachadas e se levantar. De repente, todo o barulho parou. Era uma calma que lembrava um lugar onde um tufão havia passado.
— Está tudo acabado agora. O que devo fazer?
— Huh… … .
Ian estremeceu e ergueu a cabeça ao som de uma voz caindo de repente do topo de sua cabeça. Outro homem apareceu por trás da parede, esfregando a sobrancelha saliente com a mão ensanguentada.
A pele era escura e o líquido vermelho que respingou entre a testa e as sobrancelhas tinha limites claros. Não tinha como ele não saber. Que… … era sangue humano. Ficou claro que não pertencia à pessoa que falava.
— Ugh… … . Ugh, uh… … .
Imaginar e realmente ver com seus próprios olhos era bem diferente. Quando seu palpite se tornou realidade, Ian balançou a cabeça e deu um passo para trás. Ele estava lutando para se afastar deles sem sequer conseguir tirar sua bunda do chão.
A pessoa que fez contato visual com Ian, que iniciou o jogo, fazia parte do grupo que o perseguiu no início da manhã. Isso significa que o homem na sua frente tinha um sorriso como uma foto… … Havia uma forte possibilidade de que ele fosse um deles. Não, não no nível desses homens… … .
— … … por favor, dê-nos instruções e nós cuidaremos disso. Hyung.
Como o homem não disse nada enquanto observava Ian, seu suposto subordinado tentou cautelosamente novamente. Cada vez que seu rosto musculoso se movia, as cicatrizes nas têmporas e na ponta do nariz se contraem fortemente. Parecia que ele estava dizendo-o para não perder tempo com histórias inúteis e que seria a sua vez.
— Bebê. Eu bati em você? Como você chegou aqui?
— Suspirar. Não, não… … .
Em contraste com seus olhos amigáveis e sorridentes, sua voz era assustadoramente baixa. O corpo imponente e a atmosfera de aparência perigosa do homem, uma estranha sensação de compostura mesmo nesta situação. O que tudo isso aponta é… … .
Ian, que aumentava a distância a cada palavra que dizia, estendeu os braços e rapidamente se aproximou da rua. Ele ainda estava andando de joelhos, incapaz de levantar a parte inferior do corpo do chão.
— É por isso que você está com tanto medo. Qualquer um que me veja vai pensar que fiz alguma coisa com o bebê. Hein?
— Suspirar… …, hahaha… … .
O homem riu alto da visão ridícula. Ao receber o ridículo, Ian conteve as lágrimas que pareciam prestes a fluir a qualquer momento e respirou fundo. Ele rapidamente se virou com o rosto vermelho. E não poderia morrer assim.
— Eu, eu… … estou errado, porque… … .
— O que você fez errado?
— Aqui, pegue… … não quis fazer isso… … , acho que peguei, uhuhuh, hein… … .
— É mesmo?
O homem falou e seu rosto ficou mais próximo. Antes que ele percebesse, seu nariz alto e o de Ian estavam quase se tocando. Ele esperou calmamente pelas próximas palavras de Ian, seus olhos negros brilhando.
— Ugh… … sim, sim… … .
— Você sabe o que é isso?
— Eu realmente não sei. Eu realmente, realmente não sei… … desculpe. realmente… … hum… … .
Ele tentou se conter. Antes que ele percebesse, seu rosto estava encharcado de muitas lágrimas. À medida que seu hálito úmido se espalhava, seus lábios vermelhos ficavam mais úmidos.
— Bem, eu disse que faria qualquer coisa. Então… … .
Como se lhe pedisse para continuar, o homem recuou um pouco enquanto pressionava Ian. Ian, mal conseguindo respirar, continuou ofegante.
— Então… … farei qualquer coisa… … eu vou te dar tudo que estiver ao meu alcance… … .
Não poderia estar coberto de sangue assim. Yiseo ainda teria que cursar o ensino médio por mais dois anos e, depois de terminar o ensino médio, teria que ir para a faculdade. Então, diferente dele, ter um bom trabalho, fazer tudo o que os outros fazem e viver dias felizes… … .
— Qualquer coisa?
O homem questionou as palavras de Ian e ergueu uma sobrancelha com curiosidade. Sob os olhos erguidos, como que de surpresa, os cantos da boca lisa se torceram e um sorriso malicioso surgiu.
— Isso ainda está sendo discutido? Eu sei o que pedir. Não precisa ter medo.
— Eu disse que daria qualquer coisa, qualquer coisa, então está tudo bem.
— Qualquer coisa… … .
Em um instante, houve uma mudança na expressão do homem enquanto ele repetia as palavras que Ian havia dito desesperadamente. Seu rosto estava cheio de uma calma que tornava impossível imaginar que ele era a mesma pessoa que segurava e abalava uma vida momentos atrás.
— Bebê.
Era uma voz suave como na noite passada. Mas quando Ian ouviu aquela voz suave, ficou ainda mais ansioso. Sem perceber, cerrou os punhos e mordeu a carne dentro da boca. Olhando para os lábios claramente definidos e esperando pelo castigo que seria dado.
— Seu corpo está bem?
Era óbvio. Porque quando procurou, não encontrou nada além de poeira. Pelo contrário, ficou grato por ter saído assim.
— Sim! Então… … .
‘Não mate ainda. Me ajude.’
— Ok. Se você está tão desesperado… … .
Será que ele aceitara? Não foi fácil adivinhar a decisão do homem que falava vagamente.
— Não há necessidade de recusar.
— Ok, ok, obrigado Suspiro, vou trabalhar duro.
Qualquer coisa. Ian balançou a cabeça e murmurou repetidamente. Obrigado obrigado… … . Não sabia quantas vezes repetia isso até se sentir tonto e cambalear.
— Não se esqueça? Não vou pegar leve.
O homem que falou de brincadeira sorriu levemente. Ian, incapaz de entender o significado contido naquele sorriso sutil, olhou para ele inexpressivamente com os lábios entreabertos. Então, num instante, o braço do homem estendeu-se na sua direção. Ele estava simplesmente preso naquele abraço.
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LILITH TRADUÇÕES (SOMENTE NA YANP, COVEN, NOCTURNE, MR.YAOI, BL NOVEL’S E WATTPAD)